Como as redações são analisadas e corrigidas?

Ao contrário de uma disciplina como matemática ou biologia, em que na maior parte das vezes há uma resposta correta para cada questão, na redação, cada texto é único e deve ser avaliado em sua individualidade. Isso faz com que o funcionamento de uma banca de correção seja bastante complexo, pois, apesar de todas as bancas contarem com uma grade de correção, que determina quais critérios serão levados em consideração e como avaliá-los, as formas pelas quais os textos manifestam as características procuradas pela banca podem ser bem diferentes.

É aí que entra o papel dos espelhos fornecidos pelas bancas. Por meio deles é que podemos ver como exatamente cada texto foi escrito, e quais são as formas mais bem aceitas e quais não são tão bem avaliadas.

Nesse artigo, elencamos três modos complementares de analisar as redações escritas pelos/as estudantes em situação real de prova.

1. Avaliação da estrutura (e suas variações!).

A maior parte dos/as professores/as de redação ensina a seus estudantes uma ou mais estruturas em que os/as autores/as podem se apoiar para redigir seus textos de uma forma relativamente padronizada. Essa estratégia didática é importante porque, por meio de uma estrutura padrão, é possível facilitar o entendimento do gênero dissertativo-argumentativo, dando ao/à estudante autonomia para expressar suas ideias de uma forma sempre organizada.

Quando os/as estudantes nos mostram os espelhos de suas redações, podemos atestar com clareza quais dessas estruturas foram mais bem avaliadas pelas bancas. Por exemplo: nos vestibulares promovidos pela Fundação Vunesp, há uma expectativa, estabelecida em grade de correção, de que o/a autor/a forneça um claro posicionamento acerca daquilo que foi perguntado. Se, ao analisarmos espelhos de textos feitos em situação de prova, detectarmos que textos que explicitaram esse posicionamento de formas diferentes (por exemplo, na introdução ou na conclusão) foram igualmente bem avaliados, poderemos confirmar duas estruturas diferentes que são efetivas – por outro lado, também é possível reconhecer aquelas estruturas que não foram tão bem avaliadas.

2. Critérios de correção

Quando se trata de dissertações argumentativas, a maior parte das bancas de correção estabelece critérios de correção muito similares. Em geral, avalia-se o planejamento do texto, a qualidade da argumentação, coesão e coerência, dentre outros critérios. Porém, as formas pelas quais cada banca avalia esses critérios podem ser bem diferentes. Então, uma vez que o processo detalhado de correção é muitas vezes sigiloso, os espelhos das redações são a forma mais segura de entender essa forma específica de avaliação de cada banca.

A título de exemplo, a coesão textual é um critério bastante importante e, por isso, sempre avaliado. Porém, ao analisar espelhos de redações, podemos atestar que, para uma boa avaliação no Enem, por exemplo, é necessário que o/a autor/a utilize conectores específicos em pontos estratégicos do texto, enquanto, para uma banca como a Fuvest, esse não é o principal mecanismo de avaliação da coesão textual, pois há muitos textos bem avaliados que não utilizam essa estratégia bem vista no Enem.

3. O que é compatível com a situação real de prova

O texto é o tecido da comunicação humana, e por isso pode tomar formas infinitamente complexas. Mas nem por isso podemos complexificar infinitamente uma dissertação de vestibular, pois, no tempo médio de 4 horas, entre muita pressão e questões de muitas disciplinas, há um limite do que é possível fazer. Por isso, professores/as de redação precisam estar atentos/as para não exigirem do/a estudante mais do que o necessário, pois isso pode acabar prejudicando o desempenho em todas as disciplinas. Os espelhos de redações produzidas em situação de prova, complementados com os relatos sobre esse momento tão desafiador, são uma ferramenta valiosa para entender as estratégias que são mais seguras e eficientes. Em vestibulares como o da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, um dos mais concorridos da capital, o tempo de prova é o maior desafio relatado por estudantes. Por esse motivo, recomendamos estratégias textuais que são mais ágeis e que, ainda assim, são bem avaliadas. Assim, conseguimos melhorar a precisão das nossas orientações para ajudar todos/as os/as estudantes.

Agora que você já sabe como analisamos as redações, você pode também estudá-las utilizando estratégias parecidas!

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